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Cem anos de japonesas no Brasil

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Autor: Franklin Ruão
e-mail: franklin@tigra.com.br

De vez em quando iremos publicar textos de autores que não são parte integral da equipe Orientalize. Como foi dito no post inaugural, um dos pontos de partida do Orientalize foi o texto de Franklin Ruão veiculado originalmente no blog Na Minha Rolleiflex, do jornalista Alexandre Carvalho dos Santos. Como forma de agradecimento pela inspiração, decidimos chamá-lo a republicar o texto aqui como nosso primeiro autor convidado. Para quem ainda não leu esse ótimo artigo, eis a chance.

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No dia 18 de junho de 2008, será comemorado o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Os veículos de comunicação já estão apresentando matérias alusivas ao evento e até o final do ano vamos presenciar um festival de clichês mostrando as diferenças culturais entre os dois povos, os sacrifícios enfrentados pelos primeiros imigrantes, reportagens especiais feitas no Japão evidenciando o país como um paradoxo entre o passado e o futuro, etc.
Tudo isso me incomoda profundamente, pois acredito que a complexidade da alma do povo japonês não possa ser resumida dessa forma, assim como matérias mostrando o Brasil como um país “cartão-postal” também não traduzem a realidade daqueles que nasceram e foram criados aqui.
Poucas pessoas fora do Brasil seriam capazes de compreender plenamente como se dá a amálgama que compõe a vida e o espírito de indivíduos que foram capazes de sobreviver e algumas vezes prosperar em situações tão adversas como as que encontramos em nosso país. Mais difícil ainda explicar que essas dificuldades apresentam graduações sutis que escondem e mascaram intenções de todos os tipos.

Por acreditar nisso, não vou aplicar a mesma lógica reducionista nas comemorações dos cem anos da imigração japonesa no Brasil.
Qualquer um que deseje compreender os japoneses deve começar lendo O Crisântemo e a Espada, de Ruth Benedict, e depois Yukio Mishima.
Mishima sozinho já seria tema para milhares de páginas. Para os não familiarizados, deixo aqui a informação que este homem, apesar de alguns lapsos comportamentais, foi o único, último e verdadeiro samurai da era moderna. Enquanto isso, ditos autores e supostos “mestres” mal informados conspurcam a memória dos samurais e engordam suas contas bancarias vendendo bazófias para guiar executivos e analfabetos corporativistas pelo “caminho da espada” inventado por eles mesmos.
Nos 100 anos da imigração japonesa no Brasil, prefiro exaltar o que de melhor os japoneses sabem fazer: filhas lindas e maravilhosas.

Cica 003
Otávio Dias

As japonesas nascidas no Brasil, desde cedo precisam aprender a conviver com a atitude do homem latino-americano, dado a arroubos quando avistam mulheres protuberantes. A beleza nívea e por vezes etérea da mulher japonesa requer um olhar diferenciado, e só para este se revela em sua plenitude.
Para agravar a situação, ainda existem aqueles que assediam essas belas jovens apenas motivados por fantasias fugazes e não pelo desejo confesso e verdadeiro de desfrutar uma companhia tão especial.
No meio deste turbilhão de emoções e sentimentos conflitantes, as japonesas ainda tiveram que lidar com estereótipos diversos, a expectativa dos pais quanto à carreira acadêmica, comparações com os irmãos e a manutenção de suas tradições. Com certeza, as japonesas não foram as únicas a lidar com esses problemas, mas resolveram tudo com esmero e agora desfilam realizadas neste centenário. Nas universidades públicas (ou particulares), elas estão presentes para a felicidade dos estudantes que podem dividir as salas de aula com elas. Nos trens do metrô, indo para o trabalho, caminhando despretensiosas pelas ruas, calçando chinelos, com suas mochilas repletas de chaveiros de bichinhos, atuando como dentistas, economistas, advogadas, bancárias, no serviço público, nas grandes corporações, nos hotéis, nas lojas, emprestando seu charme internacional para diversas empresas, elas são as mulheres mais bonitas que existem.
Na mídia, esse domínio fica evidente a cada novo lançamento cinematográfico ou em qualquer uma das comentadas séries da televisão norte-americana; no Brasil, essa realidade desponta tímida e equivocadamente, enquanto as luzes se voltam para Daniele Suzuki, prefiro destacar Giovanna Tominaga, essa sim uma verdadeira representante da beleza da mulher japonesa.

Mas de todas essas beldades nipônicas que nos presenteiam diariamente com sua presença, nenhum esforço foi tão louvável quanto o da seleção brasileira de softball que disputou os Jogos Pan-americanos em 2007, no Rio de Janeiro.
Com o intuito de divulgar o esporte que praticam, essas ousadas jogadoras de softball fizeram muito mais do que um ensaio fotográfico: redefiniram a sensualidade da mulher japonesa no Brasil.

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Otávio Dias

A iniciativa dessas garotas evoca o talento pioneiro de Rosa Miyake, do programa ícone “Imagens do Japão”. Elas mostraram uma beleza natural, não adulterada por plásticas e silicone; são verdadeiras e você tem certeza que pode acabar encontrando com elas em algum lugar. Muito antes das comemorações do centenário da imigração, essas meninas mostraram do que as japonesas são capazes.

Doutora em Farmácia e cartunista, a franco-oriental Chenda Kuhn atende pelo pseudônimo de Aurélia Aurita. Ela escreveu e desenhou o álbum Morango e Chocolate, em que descreve seu relacionamento com o cartunista francês que vive no Japão, Frédéric Boilet. O infame francês decidiu construir sua carreira abusando da ingenuidade das moças do Japão, prometendo notoriedade para aspirantes a celebridades e criando álbuns a partir de relacionamentos que disse ter. Aurélia, buscando ascender na carreira, foi mais uma vítima desse farsante e, apesar da sua sensibilidade, comete o terrível erro ao afirmar que Boilet “louvou a mulher japonesa” nos seus trabalhos. Aurélia realmente tem muito que aprender com as atletas japonesas da seleção brasileira de softball.

O que muitos temem, eu digo sem hesitar: as japonesas são mulheres que vivem intensamente sua sensualidade e feminilidade; apenas homens que não tenham sua autoconfiança danificada conseguirão viver essa simbiose com a mulher japonesa.

Muitos não compactuam com minhas palavras e fico feliz em saber que suas mãos impuras nunca tocarão no verdadeiro legado que os imigrantes japoneses trouxeram para o Brasil há cem anos.


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